Em meio à euforia na solenidade de posse do prefeito, vice-prefeito e vereadores, na última quarta-feira (1), um anúncio passou quase que desapercebido. Enquanto a maioria dos vereadores entrava para a vida político-partidária da cidade ao tomar posse, o decano da política patrocinense anunciava sua aposentadoria. Prestes a completar 80 anos, sendo 48 na vida pública, Ricardo Rocha (PL), vice-prefeito que acabou de deixar o cargo, anunciou durante seu discurso que estava saindo da vida político-partidária.
Em um discurso de improviso, relembrou seus nove mandatos eletivos - sete para vereador e dois como vice-prefeito -, seu trabalho na Prefeitura, ainda adolescente, e citou pessoas públicas que marcaram sua vida. Ao se despedir, pediu desculpas por estar saindo da vida político-partidária, mas fez questão de ressaltar que só deixará de ser político quando morrer. “Obrigado a todos. Desculpe se eu estou deixando a política, não porque o povo não quis que eu fosse mais um político, mas porque a idade chegou e eu percebi que eu teria que dar o espaço para os mais jovens. Novas ideias. E está aí essa meninada para trabalhar por vocês”.
Ao agradecer a Custódio Faleiros do Nascimento, prefeito entre 1943 e 1946, lembrou que foi ele quem o incentivou a entrar para a vida política, inaugurando, segundo o próprio Ricardo, a entrada de pobres na política da cidade. “Naquele tempo era difícil um simples caminhoneiro ser um candidato, porque tinha uma elite que dominava este poder. Então, eu fui a abertura da política do pobre, do coitado, do trabalhador poder apresentar um serviço para o povo.”
Ele citou também de juiz Carlos Alberto Bastos de Matos, responsável pela Comarca de Patrocínio Paulista durante o centenário do município, em 1985. Dr. Carlos, como era conhecido, foi responsável pela organização do Almanaque Histórico de Patrocínio Paulista, maior documento historiográfico já produzido sobre o município e lançado na comemoração de seu centenário. “Quero também agradecer ao doutor Carlos Alberto Bastos de Matos, que escreveu a história de Patrocínio Paulista em seu centenário, 100 anos, um homem excelente, do qual eu tive o prazer de ser amigo e companheiro.”
Outro nome citado por ele foi o pai de seu colega de chapa, o agora ex-prefeito Mauro Barcellos (PSD). “E também falar do maior homem de Patrocínio Paulista. O pai de Patrocínio Paulista, o pai da pobreza de Patrocínio Paulista, dr. Cristóvão Barcellos. Foi o pai da pobreza, um homem que salvou vidas sem precisar de dinheiro, de graça, da qual eu testemunhei várias vezes nos meus 79 anos de idade.” Dr. Cristóvão foi prefeito por dois mandatos, de 1964 a 1967 e de 1969 a 1973. O pai de Cristóvão, José, prefeito entre 1956 e 1960, também entrou nas lembranças de Ricardo. “Estou na política, conheço a política de Patrocínio Paulista desde o tempo de José Barcellos, pai do dr. Cristóvão. Eu trabalhei na Prefeitura com 12 anos de idade fazendo buraco na rua, de empreita, para passar as primeiras redes de água e esgoto de Patrocínio. Então, conheço Patrocínio desta época.”
Como não poderia deixar de ser, agradeceu à população por sua trajetória, dizendo que fez tudo o que pode, embora quisesse fazer mais. “Fiz tudo o que pude. Não pude fazer mais. Acho que deveria ter feito mais, mas fiz só o que eu pude”. E se colocou à disposição da nova geração, tendo a oferecer a experiência de quem conhece a evolução da cidade por sete décadas. “Quero dizer ao Mário Marcelo e Maurinho que eu desejo que vocês sejam a melhor administração de Patrocínio Paulista de toda as épocas e, se precisarem de mim, estou aqui como cidadão patrocinense, hoje, para dar meu apoio, para dar a minha simples palavra, minha opinião de conhecimento e ajuda a esse povo maravilhoso de Patrocínio Paulista (...) Então, estou à disposição do Mário Marcelo, do Maurinho e todos os vereadores para irem na minha casa, tomar um café, para batermos um papo.”
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