O anúncio é sempre o mesmo: “Informamos que as aulas retornarão no dia tal.” Um comunicado simples, direto, sem espaço para emoção. Todo início de ano parece um repeteco de algo já vivido, como se a vida escolar fosse um grande ciclo de Ctrl+C e Ctrl+V. Mas será mesmo? Se pararmos para observar, algo sempre muda. Não são as carteiras, nem os corredores ou as filas na cantina – essas coisas permanecem tão iguais que chegam a reconfortar. O que muda é quem entra por esses portões. Os alunos. Sempre eles. Carregam mochilas que, à primeira vista, parecem iguais às do ano passado, mas que agora guardam outras histórias, novos sonhos, e quem sabe até algumas inseguranças recém-chegadas.
Eles voltam cheios de energia – quase como se tivessem recarregado as baterias em algum lugar que nós, adultos, não conhecemos mais. Mas será que essa energia é aproveitada da melhor forma? Será que os planos traçados para o ano letivo têm espaço para acolher o que realmente importa? Fica a pergunta: sob qual ótica queremos que as aulas comecem? A da rotina ou a do recomeço? Porque organizar o cantinho de estudo não é só sobre arrumar papéis e canetas. É, na verdade, um ritual. Um jeito de preparar o espaço para algo novo. Criar metas? Não se trata apenas de números e notas, mas de dar sentido aos dias que virão. Usar um calendário? É mais do que controlar prazos; é aprender a dar ordem ao caos da vida. E o cuidado consigo mesmo, então? Isso vai além de comer bem e dormir o suficiente. É sobre estar presente, saber quando parar, respirar fundo e lembrar que o aprendizado não acontece apenas nos livros, mas também no encontro com o outro, no olhar curioso, na escuta atenta.
A escola, no fim das contas, é mais do que um lugar onde se ensinam conteúdos. É um espaço onde vidas se encontram, se misturam, se transformam. Entre as aulas, os trabalhos e os intervalos, é onde as primeiras grandes perguntas surgem, onde sonhos começam a tomar forma e onde se aprende, talvez pela primeira vez, que errar faz parte do processo. Então, a volta às aulas não é só um retorno ao que já foi. É uma oportunidade de começar de novo. De rever o que deu certo, ajustar o que pode melhorar e, acima de tudo, olhar para cada aluno como alguém único, com sua própria história, seu próprio ritmo, suas próprias cores. E nós, enquanto assistimos esse ciclo começar outra vez, podemos nos perguntar: estamos prontos para acolher tudo isso? Para permitir que esse recomeço seja, de fato, significativo? Como eu sempre digo, de qualquer forma, acolha. Porque, no fim das contas, a verdadeira lição da escola talvez não esteja no quadro negro, mas na chance de recomeçar, de tentar outra vez – de sermos todos, alunos e professores, eternos aprendizes dentro de um processo e nunca a partir do começar puro e simplesmente, novamente.
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