A escola, dizem, é lugar de formação, crescimento e acolhimento. Mas até onde isso se concretiza? Durante muito tempo, a educação foi um clube seleto, com entrada restrita a quem se encaixava no molde tradicional. Os que destoavam da norma eram invisibilizados, ignorados, deixados de fora. Crianças com deficiência passaram décadas aprisionadas em casa, enviadas a instituições especializadas ou simplesmente esquecidas à margem da sociedade. Quando, enfim, conquistaram o direito à educação, encontraram um novo tipo de exclusão: a segregação disfarçada de acolhimento. As leis mudaram, o discurso evoluiu e a educação inclusiva tornou-se parte do vocabulário oficial. Mas entre abrir as portas e permitir uma real participação, há um abismo.
O cenário ideal pede salas adaptadas, professores capacitados, recursos adequados. A realidade, no entanto, insiste em mostrar um sistema que ainda tropeça na inclusão. Avançamos? Sim, mas a passos lentos. Professores se desdobram para atender a uma demanda para a qual nem sempre foram preparados. O material adaptado é escasso, a infraestrutura precária. E, muitas vezes, o aluno com deficiência está ali apenas de corpo presente, sem verdadeira participação, sem a construção do pertencimento. A escola precisa ser mais que um espaço de passagem. Precisa ser de transformação. Não basta abrir a porta se a criança não é recebida de fato. Não basta aceitá-la se não houver esforço real para integrá-la. A inclusão precisa sair do papel e entrar no cotidiano, no olhar atento do educador, na prática do ensino.
Enquanto a escola não entender que formar cidadãos é também ensiná-los a conviver com as diferenças, seguirá entreabrindo suas portas, sem nunca escancará-las de fato. E a verdadeira inclusão continuará sendo apenas um ideal distante, perdido entre promessas e discursos não reais.
Mín. 18° Máx. 28°
Mín. 17° Máx. 28°
ChuvaMín. 16° Máx. 29°
Chuvas esparsas