Educação Crônica

A Escola das Portas Entreabertas

23/02/2025 07h27 Atualizada há 4 semanas
Por: Ana Martins
A Escola das Portas Entreabertas

A escola, dizem, é lugar de formação, crescimento e acolhimento. Mas até onde isso se concretiza? Durante muito tempo, a educação foi um clube seleto, com entrada restrita a quem se encaixava no molde tradicional. Os que destoavam da norma eram invisibilizados, ignorados, deixados de fora. Crianças com deficiência passaram décadas aprisionadas em casa, enviadas a instituições especializadas ou simplesmente esquecidas à margem da sociedade. Quando, enfim, conquistaram o direito à educação, encontraram um novo tipo de exclusão: a segregação disfarçada de acolhimento. As leis mudaram, o discurso evoluiu e a educação inclusiva tornou-se parte do vocabulário oficial. Mas entre abrir as portas e permitir uma real participação, há um abismo.

O cenário ideal pede salas adaptadas, professores capacitados, recursos adequados. A realidade, no entanto, insiste em mostrar um sistema que ainda tropeça na inclusão. Avançamos? Sim, mas a passos lentos. Professores se desdobram para atender a uma demanda para a qual nem sempre foram preparados. O material adaptado é escasso, a infraestrutura precária. E, muitas vezes, o aluno com deficiência está ali apenas de corpo presente, sem verdadeira participação, sem a construção do pertencimento. A escola precisa ser mais que um espaço de passagem. Precisa ser de transformação. Não basta abrir a porta se a criança não é recebida de fato. Não basta aceitá-la se não houver esforço real para integrá-la. A inclusão precisa sair do papel e entrar no cotidiano, no olhar atento do educador, na prática do ensino.

Enquanto a escola não entender que formar cidadãos é também ensiná-los a conviver com as diferenças, seguirá entreabrindo suas portas, sem nunca escancará-las de fato. E a verdadeira inclusão continuará sendo apenas um ideal distante, perdido entre promessas e discursos não reais.

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Jefte segatto de sousa Há 4 semanas Batatais spNão obstante os avanços, a inclusão ainda não se incorporou à cultura das pessoas, que, em grande parte ignoram os direitos das pessoas que necessitam de atenção especial
Jaqueline Cristina Rodarte Há 4 semanas Patrocínio Paulista SPPerfeita suas colocações. A escola verdadeiramente precisa e é mais que um ritual de passagem. Só não demos conta disso ainda.
Maria Lúcia de Andrade Figueiredo Há 4 semanas Patrocínio Paulista Ratifico suas palavras, Ana! Ainda precisam ocorrer muitas conquistas para que a verdadeira inclusão se torne real e eficiente!
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Ana Martins
Sobre Ana Martins
Natural de Uberaba, Ana Martins mora há 39 anos em Patrocínio Paulista. Casada, mãe de dois filhos, é formada em Licenciatura em Ciências da Natureza, Matemática e Química, pela Universidade de Franca (Unifran), e em Pedagogia pela Universidade de Uberaba (Uniube), com pós-graduação em Didática também pela Unifran e em Gestão Escolar pela USP. Já atuou como professora de Educação Básica I e II, coordenadora pedagógica, vice-diretora escolar, diretora escolar e supervisora de ensino, estando à frente da Secretaria de Educação de Patrocínio entre 2021 e 2024. Atualmente atua como Consultora em Gestão Pública na área de Educação.
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