Acontece Drama

“Dois Papas”, duas excelentes atuações e um filme magnífico

Disponível na Netflix, mostra encontros fictícios entre dois religiosos em um delicado momento para a Igreja Católica

05/03/2025 16h43
Por: Rogério Peterossi
“Dois Papas”, duas excelentes atuações e um filme magnífico

O título deste filme pode parecer estranho, já que, segundo as normas canônicas, dois papas não podem coexistir, ou seja, um pontífice somente pode ser nomeado após a morte de seu antecessor.

No entanto, a renúncia do Papa Bento XVI em 2013, fato raríssimo, visto antes anteriormente há mais de seiscentos anos, trouxe à realidade este momento histórico atípico.

Aproveitando este evento real, o roteirista Anthony McCarten mostra os bastidores da Santa Sé por intermédio de fictícios encontros entre o Papa Bento XVI, então no cargo supremo da Igreja Católica, e o cardeal argentino e futuro pontífice Jorge Bergoglio.

Cronologicamente, a história começa após a morte do Papa João Paulo II, passa rapidamente pelo conclave que escolheu Joseph Ratzinger como seu sucessor e dedica boa parte do tempo focando nas reflexões de Bento XVI sobre sua futura renúncia, incluindo conselhos e reuniões com aquele que seria o futuro Papa Francisco I.

Como já afirmei antes, estas reuniões não foram reais, mas, no filme, muito inteligentemente, servem para pontuar a delicada situação a que chegou a Igreja Católica naquela época, com o vazamento de informações sigilosas sobre os bastidores da Santa Sé, naquilo que a imprensa chamou de “Vatileaks”.

A evidente diferença de formação e ideias religiosas pontuam as vertentes antagônicas entre os dois cardeais supremos. Mais, não só entre os personagens em si, mas sobre os rumos que o catolicismo irá tomar no futuro.

Bento XVI era um catedrático, teólogo estudioso, com estilo conservador e ideias retrógradas sobre o aborto, homossexualismo e o casamento dos religiosos. Francisco, por sua vez, com formação jesuíta, tem um pensamento progressista, simplicidade ímpar e defende a justiça social, prevenção de abusos e proteção do ambiente.

Nem é preciso dizer sobre a brilhante atuação dos dois protagonistas. Anthony Hopkins, mais uma vez, estupendo na batina de Bento XVI, e Jonathan Pryce, igualmente extraordinário como o cardeal Bergoglio.

A direção do brasileiro Fernando Meirelles, de Cidade de Deus, católico e simpatizante dos ideais do Papa Francisco I, também merece destaque. A reconstituição da Capela Sistina e dos jardins da residência papal de verão são magistrais.  

Para finalizar, há um momento brilhante: Francisco e Bento, um argentino fanático por futebol e um alemão que mal sabia que a bola era redonda, assistindo juntos à final da Copa do Mundo do Brasil. Espetacular!

Confira o trailer oficial:

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Rogério Peterossi
Sobre Rogério Peterossi
Rogério Peterossi, patrocinense acolhido por Araraquara, filho de José Eimard de Andrade Freitas e Nilda Peterossi, funcionário público, apaixonado por filmes, que gosta de comentar sobre tudo o que assiste.
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