Passada a euforia da entrega do Oscar e da vitória de Ainda Estou Aqui como melhor filme internacional, um dos indicados a melhor filme estreou sem nenhum alarde diretamente em uma plataforma streaming. Trata-se de O Reformatório Nickel ou Nickel Boys, no idioma original.
O roteiro, igualmente indicado ao Oscar, foi baseado no livro homônimo, vencedor do Prêmio Pulitzer, escrito por Colson Whitehead, e conta as agruras de dois jovens em um centro de detenção norte-americano durante os anos 1960.
O simples fato da história se basear no vencedor de um maiores prêmios da literatura mundial já avaliza uma olhadinha no filme.
O jovem negro Elwood é internado no reformatório do título após pegar um carona em um carro roubado. Elwood vive com sua avó, é inteligente e está prestes a se matricular em uma conceituada escola que lhe garantirá seu futuro. Ele enxerga essa internação apenas como uma pequena pedra em seu caminho, já que ainda sonha em continuar seus estudos assim que for dispensado daquela fundação juvenil.
Naquele lugar, conhece Turner, outro jovem negro, internado há mais tempo, que não tem a mesma esperança de vida que seu novo colega, já que perdeu contato com sua família, conhece o lugar e tenta lhe mostrar a realidade local, onde brancos e negros vivem em alas apartadas, os brancos praticam esporte e os negros trabalham na lavoura.
Logo acima, quando escrevi que Elwood “enxerga” sua internação, o uso da expressão foi proposital. O diretor RaMell Ross nos coloca literalmente nos olhos de Elwood: a câmera mostra o ponto de vista do jovem e nós, espectadores, vemos somente aquilo que ele vê. Somente conhecemos o rosto de Elwood depois da metade do filme, em que câmera começa a alternar as perspectivas de Elwood e Turner.
As obras, livro e filme, são fictícias, mas buscam sua fonte em eventos reais ocorridos em um centro de reeducação na Flórida, na mesma década de 1960. A experiência do diretor como documentarista o permite colocar excertos de imagens verdadeiras e chocantes do reformatório original durante a exibição em pontos chaves do filme.
O tema do racismo não é novo nas telas, mas o fio de esperança que move Elwood em superar suas dificuldades e atingir seus sonhos nos mostra que a mudança é possível. Será?
Assista ao trailer:
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