O Poder de Servir e a Ilusão do Domínio

Em um mundo cada vez mais pautado pela competição desenfreada e pela busca incessante pelo sucesso individual, a ideia de poder muitas vezes se confunde com o simples ato de dominar. No entanto, como bem nos lembra Mário Sérgio Cortella, o verdadeiro poder não está na imposição, mas no servir. O conhecimento, quando compartilhado, encanta e transforma; a liderança, quando exercida com responsabilidade, promove o bem coletivo. Mas por que, então, tantos ainda insistem em medir grandeza pela capacidade de subjugar os outros? A humildade, que muitos confundem com fraqueza, é na verdade um dos maiores sinais de sabedoria.

Em uma era em que a exaltação do ego parece ser a norma, reconhecer que ninguém cresce diminuindo o outro é um aprendizado essencial. Ser humilde não é se anular, mas sim compreender que a verdadeira grandeza está na capacidade de somar e compartilhar. Ainda assim, quantas vezes presenciamos discursos vazios, onde a prática é distante da teoria? Onde a tentativa de justificar erros vem acompanhada da desqualificação do outro. A resposta para isso reside em um conceito cada vez mais negligenciado: a ética. Em uma sociedade em que o antiético é tão frequentemente normalizado, anestesiamos nossa própria consciência. Cortella nos alerta para um perigo latente: sem ética, as relações se degradam, a credibilidade é corroída e o respeito é substituído pela conveniência. Em tempos de pressa e superficialidade, cuidar da ética é um ato de resistência, uma forma de preservar a integridade como um pilar fundamental.

A grande questão que fica é: como estamos usando nosso poder? Para servir ou para nos servir? Para encantar ou para humilhar? Para construir ou para destruir? Como bem disse Cortella, a filosofia existe para nos impedir de sermos prisioneiros do óbvio. Que saibamos, então, expandir nosso olhar, questionar nossos atos e compreender que o verdadeiro poder não reside na imposição, mas na generosidade de compartilhar e construir coletivamente.