“Adolescência”: garoto de treze anos é preso acusado de assassinato. E agora?

A minissérie já chega com o pé na porta. Literalmente!

Na cena inicial, um grupo de policiais prepara a abordagem na casa de uma família classe média britânica, com um mandado de prisão nas mãos. O alvo é Jamie Miller, uma criança de treze anos, suspeita de ter assassinado uma colega de classe (sim, lá, crianças são tratadas como adultos em questões criminais).

Este prólogo é apenas o início de uma competente e bem elaborada obra que já se apresenta como a mais assistida na Netflix em sua semana de estreia e, na minha opinião, deve figurar entre as melhores produções da plataforma.

Não é segredo pra ninguém que sou um grande fã de formas novas e inusitadas de apresentação visual. Aqui, os quatro episódios da série foram filmados em plano sequência, sem cortes aparentes. Isto significa que vemos cerca de quatro horas na vida desta família, após o brutal episódio que a assola.

A opção de filmagem em um único take coloca o espectador dentro da tela e cria um clima de tensão constante e sufocante. O segundo episódio se passa dentro de uma escola. Imaginem coreografar a ação dos atores e centenas de figurantes indo e vindo nos corredores e salas de aula? Simplesmente brilhante!

E precisamos falar sobre Owen Cooper, o intérprete de Jamie. Onde raios acharam esse moleque? É o seu primeiro trabalho e ele entrega uma atuação forte, quando confronta aos berros uma psicóloga, e, ao mesmo tempo, sensível, que molha as calças ao ser abordado pela polícia. Afinal, segurar um episódio inteiro nas costas, que retrata sua entrevista com a psicóloga da polícia, é pra poucos. Creio que está surgindo uma estrela.

Por trás da tragédia que envolve o enredo, a história abarca vários temas atuais e complexos, tais como, bullying, excessividade de redes sociais, frustrações familiares, machismo e masculinidade tóxica.

Tudo isso é mostrado durante a investigação e o drama da família de Jamie, mas não há respostas ou tentativas de indicar o caminho do que é certo ou errado. Os fatos são jogados na nossa cara e é impossível não se identificar em algum deles.

Depois do último episódio, é essencial parar alguns minutos para uma sincera reflexão sobre a vida. Um verdadeiro soco no estômago.

Enfim, uma obra obrigatória, para ser vista em família e discutida no café da manhã. 

Confira o trailer: