Educação Crônica

A urgência de ensinar com afeto em tempos de excesso de informação

13/04/2025 07h35
Por: Ana Martins
A urgência de ensinar com afeto em tempos de excesso de informação

Em uma era marcada por tutoriais instantâneos, vídeos curtos e respostas imediatas, é preciso levantar uma questão essencial: será que ainda estamos realmente aprendendo? Embora o acesso ao conhecimento nunca tenha sido tão amplo, a qualidade desse aprendizado tem se tornado cada vez mais superficial. Defende-se aqui a ideia de que, mais do que transmitir informações, educar é tocar almas — e que o verdadeiro ensino exige presença, vínculo e encantamento.

Temos uma infinidade de conteúdos disponíveis, mas perdemos a capacidade de nos aprofundar neles. O ritmo acelerado e o imediatismo promovem uma ilusão de conhecimento, onde assistir a um vídeo ou decorar uma fórmula parece suficiente. Contudo, como já alertava Rubem Alves, educar não é despejar dados, mas provocar transformações interiores. O verdadeiro aprendizado exige tempo, desconforto e entrega.

Além disso, a educação efetiva depende da autenticidade do educador. As crianças — e também os adultos — aprendem não com o que lhes é dito, mas com o que é vivido ao lado delas. A figura do professor como presença, como alguém que encanta ao ensinar, é central para que o conhecimento ganhe sentido. Ensinar, portanto, é mais do que uma função técnica; é uma prática humanizadora, capaz de criar vínculos e despertar curiosidades duradouras.

Por fim, é necessário destacar que a arte de ensinar sem parecer ensinar, como uma narrativa envolvente ou uma conversa significativa, não é apenas uma habilidade: é uma urgência. Frente à mercantilização do saber e à lógica do conteúdo como produto, educar com afeto e verdade é um ato de resistência. Somente assim o ensino ultrapassa a barreira do conteúdo e alcança a dimensão da experiência — e é essa experiência que realmente transforma.

É necessário que recuperemos a essência do ato de educar como gesto de generosidade, paciência e presença. Em tempos de excesso de informação e falta de sentido, ensinar com encantamento e verdade é o caminho mais eficaz — e mais humano — para fazer do conhecimento uma experiência viva e transformadora.

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Ana Martins
Sobre Ana Martins
Natural de Uberaba, Ana Martins mora há 39 anos em Patrocínio Paulista. Casada, mãe de dois filhos, é formada em Licenciatura em Ciências da Natureza, Matemática e Química, pela Universidade de Franca (Unifran), e em Pedagogia pela Universidade de Uberaba (Uniube), com pós-graduação em Didática também pela Unifran e em Gestão Escolar pela USP. Já atuou como professora de Educação Básica I e II, coordenadora pedagógica, vice-diretora escolar, diretora escolar e supervisora de ensino, estando à frente da Secretaria de Educação de Patrocínio entre 2021 e 2024. Atualmente atua como Consultora em Gestão Pública na área de Educação.
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