A Câmara Municipal de Patrocínio Paulista optou, na sessão realizada na última terça-feira, 15, por não colocar em votação naquela sessão o projeto de lei que autoriza a liberação de R$ 1,4 milhão para a realização da Festa do Peão. A Prefeitura enviou o projeto com pedido de urgência para a contratação, por meio de licitação, da empresa que realizará o evento, inicialmente programado para ocorrer entre os dias 17 e 20 de julho. Pelo regimento interno da Câmara, os projetos com pedido de urgência devem ser votados em até 45 dias.

Três vereadores se posicionaram sobre o assunto em suas falas na sessão, alegando que os recursos poderiam ser investidos em outra área. Segundo a Prefeitura, a administração pública tem dinheiro para realizar a festa sem que as demais demandas sejam afetadas. O evento, desde 2023, tem a entrada gratuita.

Importante ressaltar que a Lei Orçamentária Anual (LOA), aprovada pela Câmara no ano passado, estipula os valores que serão gastos em cada uma das áreas da administração pública. O recurso solicitado, no entanto, é do superávit (diferença entre receita e gastos) registrado em 2024, que totaliza R$ 28 milhões, segundo o prefeito Mário Marcelo (PSD). Como ele não está na LOA, a Câmara precisa aprovar sua utilização.

O primeiro vereador a tocar no assunto foi José Rubens (PL). Ele questionou o valor da festa, ressaltando que ele poderia ser utilizado para resolver problemas da cidade. “Nós recebemos o projeto da festa do peão. Festa é muito bom. Acho que tem que ter sim, a população merece festa, sim. Só que o problema é o seguinte: o valor que está sendo pedido para a festa daria para furar um novo poço, resolver o problema da água, que já faz mais de 100 dias que nós estamos pedindo, mas que já faz anos que vem aí se arrastando.” Ele citou ainda uma série de demandas da Prefeitura como qualidade do asfalto, equipamentos de saúde, obras paradas, entre outros. “Eu acredito que nós temos dinheiro para fazer festa, mas vamos fazer as obras primeiro.”

Na sequência, Luizinho da Lenha (PRD) seguiu a mesma linha. “Acho que tem prioridades. Festa é importantíssimo, não estamos negando fazer festa. Não foi hoje, vamos conversar com o Executivo, mas R$ 1,4 milhão é muito dinheiro. Daria muito bem para resolver problema de água, tratamento de esgoto. Estamos com problema no Morada do Lago também, entre outros aí.” Já Adriano do Edão (PL) disse que concordava com a fala dos colegas. “Faço minhas as palavras do Dr. José Rubens e do Luizinho. Eu adoro festa, gosto de festa, todo mundo sabe.”

E você? É a favor da realização da festa ou acha que a Prefeitura deve utilizar esse recurso em outra área? Vote em nossa enquete. Nela, é registrado um voto por cada IP, evitando vários votos por um mesmo aparelho.

A Festa

No descritivo enviado à Câmara, a Prefeitura estipula a estrutura que a festa terá, inclusive com os shows artísticos que atraem público do município e das cidades da região. O município, no caso, entraria apenas com a liberação do Marumbé, sendo de responsabilidade da empresa vencedora a montagem de arena, palco, barracas, shows, seguranças, entre outros (veja quadro). Confira os shows votados para a festa.

 Para chegar a esse valor, a Prefeitura usou um Estudo Técnico Preliminar que considerou os valores gastos em 2023 e 2024, considerando os aumentos de algumas das atividades presentes no evento. O percentual no valor de 2025, de 27%, é menor do que o registrado entre 2023 e 2024, quando foi de 46,5%, devido à retomada das atrações artísticas após a pandemia. Segundo a Prefeitura, o valor é compatível com evento, visto que a entrada é gratuita para todos o público.

Segundo o processo licitatório, a empresa vencedora terá direito de explorar a praça de alimentação e bebidas, estacionamento, camarote e captação de patrocínio.

Para se ter uma ideia, como o FATO mostrou em fevereiro, apenas a contratação de três shows, dois deles para o aniversário da cidade e outro para o Dia do Trabalhador, somaram R$ 904 mil, o que representa 64% do total previsto para a licitação de toda a festa do peão, que conta com uma estrutura bem mais complexa e que terá duração de quatro dias.

Obra estadual

Em resposta ao questionamento de O FATO, a Prefeitura informou que o município tem poder econômico para a realização do evento sem afetar as demais demandas do município e que, sobre o problema da água citado pelos vereadores, referente ao poço artesiano da Estação de Tratamento de Água (ETA), é necessário aguardar uma resposta do governo do estado de São Paulo, que foi quem contratou a obra de perfuração do poço artesiano em que não foi encontrada a quantidade de água estipulada. Ainda segundo a Prefeitura, a água com sujeiras se dá devido ao fato de ser captação ser feita de água pluvial, com pouca pressão e que a solução encontrada seria a captação por poço artesiano. A administração aguarda um posicionamento do Estado em relação à obra para tomar as providências cabíveis.