Todo ano, a cena se repete: assim que abril desponta no calendário, os supermercados se vestem de coelhinhos, e as prateleiras se enchem de ovos de chocolate. A data, marcada por apelos comerciais e doçuras embaladas em papel brilhante, já se tornou parte do nosso repertório cultural. No entanto, longe das gôndolas e da publicidade, há um outro significado para a Páscoa que, infelizmente, passa despercebido por muitos — especialmente fora dos muros escolares.
Na escola, a Páscoa tem um sabor diferente. Ela se traduz em atividades simples, como colagens, dramatizações e rodas de conversa, mas que carregam lições profundas. Em meio a papéis coloridos, potes de cola e tesouras sem ponta, floresce um valor que não se encontra nas vitrines: a partilha. É nesse contexto que a escola se revela não apenas como um lugar de ensino de conteúdos, mas como um espaço onde se aprende empatia, solidariedade e pertencimento.
É comovente testemunhar crianças dividindo o lanche, se unindo para montar cestas de doação ou preparando, com entusiasmo, uma peça de teatro pascal. Essas ações, ainda que discretas, são potentes. Elas mostram que educar é muito mais do que garantir boas notas ou desenvolver competências cognitivas. É formar seres humanos íntegros, capazes de se colocar no lugar do outro e agir com compaixão.
Pode soar ingênuo ou até piegas dizer isso, mas não há nada mais revolucionário do que ver uma criança percebendo que pode fazer diferença na vida de alguém — seja por meio de um desenho, de um sorriso ou de um abraço. Quando a Páscoa na escola é vivida dessa forma, ela deixa de ser uma comemoração simbólica para se tornar um verdadeiro exercício de cidadania e humanidade.
Diante disso, é inevitável se perguntar: por que não valorizamos mais essas experiências? Por que permitimos que a pressão por cumprir o currículo engula o que há de mais essencial na formação infantil — o afeto, o vínculo e o senso de comunidade?
Celebrar a Páscoa na escola é, antes de tudo, uma oportunidade de abrir espaço para a diversidade, para o acolhimento de diferentes histórias e crenças. É um momento de diálogo entre culturas e de construção de pontes entre pessoas. Quando bem conduzida, essa celebração se transforma em um convite à convivência respeitosa e ao reconhecimento do outro.
A renovação que a Páscoa simboliza não está apenas no calendário ou nas tradições religiosas. Ela se revela, sobretudo, nas pequenas atitudes do cotidiano escolar: no recreio compartilhado, na escuta atenta, no gesto solidário. São essas vivências, aparentemente simples, que plantam as sementes de um futuro mais humano e justo.
Enquanto insistirmos em reduzir a Páscoa a um evento comercial, perderemos a chance de vivê-la em sua plenitude. Mas, se olharmos com mais atenção para o que acontece entre murais de EVA e sorrisos infantis, talvez percebamos que o verdadeiro milagre da data acontece todos os dias — nas salas de aula.
Mín. 17° Máx. 27°
Mín. 15° Máx. 26°
Chuvas esparsasMín. 16° Máx. 26°
Tempo limpo