“É um espaço ótimo pra mim. Me senti muito acolhido, porque antes eu não tinha esse acolhimento que eu tenho agora. Eles são muito especiais pra mim, os profissionais. Todo mundo, sempre que eu preciso, está disponível para me acolher, para me ajudar. Então, fico muito agradecido.” A fala de Flávio Lopes do Nascimento mostra a importância do Centro-Dia, que oferece serviço de proteção social para pessoas com deficiência, idosas e suas famílias, inaugurado na última quinta-feira (24) em Patrocínio Paulista.

Instalada no prédio da antiga creche, na rua Treze de Maio, a unidade da Apae oferece atendimento em período integral ou em meio período para pessoas com deficiência com algum grau de dependência. São 80 vagas para Patrocínio e 10 para Itirapuã, sendo que 10 das vagas de Patrocínio são integrais. Do total, 76 já estão preenchidas. Antes, a unidade funcionava como unidade referenciada, apenas em meio período.

Atuações distintas

A presidente da Apae, Roberta Pirozzi Alcalde, explica que, enquanto a unidade da Avenida Diamante trabalha com a parte de Saúde e Educação, o Centro-Dia trabalha a parte da assistência social. “Trouxemos para cá essa parte para gente conseguir uma estrutura melhor para o atendimento e porque lá me cima já não estava tende estrutura para atender todo mundo.”

No espaço são oferecidas atividades para que os usuários desenvolvam autonomia e inclusão social, como explica a coordenadora, Marcela de Fátima Naves dos Reis. “A gente atende em formatos de coletivos de vivência, em que se trabalha o desenvolvimento da autonomia, da independência da pessoa com deficiência e também da pessoa idosa. A gente atende a partir dos 12 anos de idade. São atividades diversas, de interação social, de inserção no mercado de trabalho, de passeio. Nosso trabalho é fortalecer os vínculos familiares e retirar do isolamento social.”

Pintura, culinária e horta

O resultado pode ser observado com a fala de Flávio, que explica a rotina dele no local. “No dia a dia nós chegamos, tomamos o café, aí depois fazemos as atividades. Aí a gente vem para o pátio, onde tem o espaço de lazer e a gente pode também ficar aqui de fora. Então, é um espaço pra nós mesmo. Nos sentimos acolhidos.” Ele conta que o que mais gosta de fazer no local. “O que mais gosto são as atividades, né, que têm pintura, culinária também que eu gosto. A gente aprende a fazer as coisas.” Um cantinho em especial chama a atenção de Flávio. “Nós temos uma horta. Começamos a plantar, a cuidar dela, capinamos, fazemos as atividades lá também. Nós colhemos e consumimos aqui também. É gratificante demais, uma coisa muito boa.”

Marcela explica os critérios para o atendimento, que estipula o período em que a pessoa passa no prédio. “O (critério) é o nível de dependência, além de questões de risco social e vulnerabilidade. As pessoas que estão aqui hoje, todas elas têm um nível de dependência em algum estágio, pode ser maior ou menor. mas o critério para ficar o dia todo é não estar em outros serviços, como a escola. Ela precisa estar em situação de isolamento social, de risco, e com nível de dependência maior, para que essa família consiga exercer sua cidadania, realizar atividades laborativas, tendo um espaço seguro para que seu familiar fique durante o dia.”

Olhar para o cuidador

A secretária de Desenvolvimento Social, Ariela Salgado, que teve uma filha com necessidades especiais, explica que vem percebendo ao longo do tempo a demanda por uma unidade como a inaugurada na quinta-feira, que, assim como Marcela, reforça que o foco também é na família dos usuários. “O Centro-Dia vem muito na perspectiva do olhar para o cuidador também. A gente sabe da sobrecarga. A gente sabe da demanda do cuidador. A gente sabe o que a família passa. Porque às vezes as pessoas não imaginam que uma mãe de uma criança especial também tem necessidades. Ela precisa fazer uma unha, precisa fazer um cabelo, precisa ir no mercado, ela precisa ir numa farmácia. E com quem que ela vai deixar a criança dela? E a vida social dessa família? A gente sabe de todos os percalços que a gente encontra.” Ela explica que, com a unidade, os pais poderão ter mais autonomia. “O centro-dia vem muito nessa perspectiva de apoiar a família nesse cuidado, porque a pessoa vai passear o dia todo no serviço. Ela vai sair de manhã e vai voltar pra casa à tarde. Então, quando a gente montou esse serviço a gente sonhou muito também nesse apoio familiar. E eu acredito muito nisso.”

Ariela diz que tem a perspectiva de ampliação das vagas de período integral, mas que é preciso conseguir investimentos. Ela comente que tem dois convênios com a Apae, o Centro-Dia e a Residência Inclusiva, que somam aproximadamente R$ 2 milhões. Ela ressaltou ainda a importância das emendas impositiva dos vereadores destinadas à Apae.

Mais recursos

Uma das vereadoras que direcionou as emendas a que tinha direito à Apae foi Valéria Lopes (MDB), que esteve presente na inauguração. “Eu vejo cada vez mais a necessidade dessa ajuda da Prefeitura e, consequentemente, de nós vereadores. Não foi só eu que mandei emenda para cá, outros vereadores também mandaram, porque há necessidade de dar ajuda a essas famílias em especial.”

 Valéria diz ainda que espera poder ajudar para ampliar o total de vagas em período integral. “Estou muito feliz hoje aqui de estar vendo esse resultado acontecer, somente com 10 vagas por enquanto, mas tenho certeza que essas vagas vão aumentar se nós vereadores continuarmos tendo esse olhar para o social, que muitas vezes é esquecido.”