“O Eternauta”: caos em Buenos Aires

Uma nevasca tóxica atinge a Argentina e qualquer um que é tocado pelos flocos da neve morre instantaneamente. Junto com esta tragédia natural, o sinal de internet, aparelhos eletrônicos e energia elétrica deixam de funcionar.

Neste cenário caótico, um grupo de amigos está reunido jogando baralho e bebendo. Sem nenhum tipo de contato com o mundo externo, eles se dão conta da dimensão do perigo tarde demais, somente após um deles sair para a rua para ajudar um vizinho e ser irremediavelmente atingido pela neve tóxica e morrer. Tudo o que eles sabem, é por intermédio do que vêem na janela do sobrado onde estão reunidos e abrigados.

Um dos amigos se vê obrigado a sair da casa para procurar sua filha e, todo paramentado e protegido, tem a dimensão do verdadeiro apocalipse instaurado, vendo corpos jogados ao chão, carros acidentados e quase nenhum ser, humano ou animal, vivo.

Estes parágrafos descrevem o primeiro episódio desta série argentina baseada em quadrinhos de ficção escritos na década de 1950, que os fãs ansiavam pela adaptação para as telas.

Todo este cenário caótico é apenas o início do fim. A cada novo episódio, outros elementos são inseridos no ambiente já terrivelmente comprometido e causa uma comoção extrema de quem está assistindo. Afinal, desgraça pouca é bobagem e o fim parece inevitável.

Como toda boa produção argentina, o astro Ricardo Darín não poderia faltar. No papel do pai à procura da filha, ele mostra,  apenas com olhos azuis à mostra no vidro de uma máscara de gás, medo e emoção, ao mesmo tempo que indica algo misterioso em seu passado, com visões estranhas que lhe passam aos olhos nos momentos de tensão.

O roteiro traz também uma dicotomia interessante da psique humana: no início dos trágicos acontecimentos, a única reação de todos é baseada no egoísmo e autoproteção, chegando a saques a mercados e postos de gasolina com o único intuito de salvar-se a si mesmo e sua família. Passado algum tempo, inexplicavelmente, um sentimento de solidariedade se abate sobre os sobreviventes, que, a partir de então, procuram se unir para a busca da salvação comum de todos.

A fotografia é belíssima, mostrando pontos turísticos da capital portenha debaixo de uma intensa camada de neve.

Escrever mais do que isso vai estragar a tensão e desvendar alguns mistérios que aparecerão nos seis episódios da série. Com cerca de cinquenta minutos cada um, dá para assistir todos em um final de semana.

E que venha a segunda temporada!

Confira o trailer: