Acontece Guerra

“Beasts of No Nation”: a infância perdida

O primeiro longa-metragem original da Netflix merece a atenção de quem ainda não viu

07/05/2025 20h03 Atualizada há 4 dias
Por: Rogério Peterossi
“Beasts of No Nation”: a infância perdida

Em um país africano não especificado, Agu é um garoto feliz. Frequenta a escola, brinca com seus amigos, dança e se diverte. Pouco se importa com o clima de guerra civil no pequeno vilarejo em que vive. Encravado entre os dois lados do conflito, de um lado, o exército que tomou o poder governamental e do outro, os guerrilheiros civis descontentes com o golpe militar.

Até que a luta armada entre os rebeldes e o governo se intensifica e, no meio da turba instaurada, a família de Agu é assassinada e ele consegue fugir pela mata fechada. Depois de sobreviver por alguns dias se alimentando do que encontra na selva, o garoto é encontrado por um braço da guerrilha armada e cai nas graças do líder do grupo, conhecido apenas por Comandante, que o treina para ser um miliciano.

Esta breve introdução é o início de uma obra pesada, baseada no romance homônimo do nigeriano Uzodinma Iweala, que mostra os horrores de uma guerra civil e sua influência na vida de inocentes e, principalmente, das crianças.

É chocante ver a quantidade de meninos que foram arregimentados pela guerrilha e, apesar de ser uma obra de ficção, sabemos o quão real a situação se apresenta. Não apenas pelos perigos da guerra em si, mas também pela forma como são tratados pelos seus próprios pares, que jogam a inocência pueril dos pequenos aspirantes a soldados na lama e os obrigam a se tornarem homens à força.

À exceção do inglês Idris Elba, o Heimdall do Universo Marvel, o elenco conta basicamente com atores africanos, dentre eles o estreante Abraham Attah, incrível em sua primeira experiência como Agu.

Produzido em 2015, Beasts of No Nation foi o primeiro longa-metragem da Netflix, que não poupou orçamento nas suas filmagens e o lançou simultaneamente no cinema e no streaming.

Talvez, por esta razão, o algoritmo do serviço de assinatura tenha se esquecido de indicá-lo nos perfis de muitos clientes, que devem, com certeza, buscar essa inesquecível obra e se impressionar com a qualidade visual e se revoltar com a perda da infância por Agu, que se viu obrigado a crescer na marra, vendo sua inocência se esvair como espuma ao vento.

Optou-se pela distribuição no Brasil com o título original do filme (e do livro). Realmente, o termo bestas ganhou uma conotação chula no nosso idioma e não deve ter sido encontrada uma palavra semelhante que possa identificar no que foram transformadas as crianças africanas no período de guerra: verdadeiras bestas sem uma nação.

Confira o trailer:

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Sobre Rogério Peterossi
Rogério Peterossi, patrocinense acolhido por Araraquara, filho de José Eimard de Andrade Freitas e Nilda Peterossi, funcionário público, apaixonado por filmes, que gosta de comentar sobre tudo o que assiste.
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