“Obediência”: poder e manipulação

Era só mais uma sexta-feira normal de trabalho em uma lanchonete de uma rede de fast food americana. Salão lotado, telefone explodindo de pedidos e alguns contratempos, como a falta de ingredientes e a presença de um fiscal da rede de lojas escondido entre os clientes.

Até que em um dos telefonemas se apresenta um policial do outro lado da linha e pede para falar com a gerente do lugar, já estressada com o ambiente laboral. Munido de uma trivial autoridade, o investigador comunica que houve uma queixa de furto a uma cliente durante o expediente e que a suspeita do crime seria uma das atendentes de caixa, que é chamada para uma sala reservada.

Pois bem, a partir daí se inicia uma sequência de atos inimagináveis, com a autoridade policial fazendo o interrogatório à distância e determinando que fosse procurado o dinheiro subtraído da cliente queixosa nos pertences da funcionária acusada.

A situação narrada parece um pouco estranha e o que acontece a seguir ultrapassa as fronteiras do absurdo. Ainda mais quando lemos na primeira imagem do filme, em letras garrafais, que preenche toda a tela, “Baseado em Eventos Verdadeiros”.

E tem mais, não foi um fato único. Idêntica situação se repetiu em cerca de 70 oportunidades em várias lojas de uma famosa rede de lanchonetes nos Estados Unidos no final do século passado.

A ambientação em um único cenário deixa a experiência de assistir o filme ainda mais incômoda e a atuação das atrizes que representam a gerente e a funcionária acusada são bem convincentes.

Produzido em 2012, o filme ganhou destaque recentemente ao ser relançado no Brasil pelo Prime Vídeo.

Os fatos narrados mereceriam um estudo aprofundado de especialistas no estudo da mente humana: o que nos leva a cumprir cegamente as ordens de uma suposta autoridade, por mais absurdas que possam parecer? Medo? Submissão?

Uma discussão passível de teses universitárias, mas para o que nos importa, um filme digno, que vai permanecer na memória por um bom tempo.

Assista ao trailer: