Patrocínio Paulista Artigo

Os tambores de maio

17/05/2025 08h32 Atualizada há 1 mês
Por: Nainôra Freitas
Maria do Rosário. Foto: Almanaque Histórico de Patrocínio Paulista
Maria do Rosário. Foto: Almanaque Histórico de Patrocínio Paulista

O que é ser patrocinenese? As pessoas nascidas em Patrocínio Paulista são conhecidas como patrocineneses. Mas, o que isto significa?   Esta coluna propõe refletir um pouco a respeito da cultura, da identidade, daquilo que nos move, da cultura como modo de vida. 

 

Durante muito tempo ouvi os tambores que soavam no mês de maio no bairro de Santa Cruz. Só restou o silêncio. O 13 de maio foi a data de assinatura da Lei Aurea em 1888, mas isto não significou que a população brasileira descendente de africanos escravizados fosse de fato integrada na sociedade, era uma abolição inacabada. Ela contribuiu para institucionalizar as diferenças étnico-raciais no Brasil.

A população de Patrocínio Paulista de acordo com o censo de 2020 é de 14.512 habitantes, destes 1.394 declararam pretos e 5.541 pardos, o que significa que uma boa parte da população da cidade tem uma ascendência africana direta ou indiretamente.

A população de origem africana deixou um grande legado para a cidade e que poucas pessoas conhecem. No final do século XIX, existiu em Patrocínio Paulista uma população significativa de pretos que fundaram uma irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Com o fim dessa irmandade, a renda dela foi usada para ajudar a adquirir o altar mor da igreja matriz de Nossa Senhora do Patrocínio construída pelo Cônego Peregrino, restando apenas uma parte deste altar que está no fundo da igreja sustentando a imagem de Nossa Senhora do Patrocínio.

Este fato é pouco conhecido da população e merece que esta memória seja lembrada por todos nós, no ano em que celebramos os 150 anos da paróquia Nossa Senhora do Patrocínio.

Nos dias atuais um conhecimento maior da realidade que expôs a inexistência de medidas de proteção e de inclusão dessa ampla e importante parcela da população revela que os tambores podem soar, mas não para festejar a suposta libertação dos escravizados.

Eles podem soar por outros motivos, como a referência a memória dos pretos/as e neste caso especifico à D. Maria do Rosário, eu a recordo com carinho como uma piedosa pessoa.

Oxalá, possa soar novamente os tambores da Santa Cruz e da Tabatinga!!!

5 comentários
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WASHINGTON FERNANDO KARAMHá 4 semanas Patrocínio PaulistaParabéns Naionara. Resgatando a história de Patrocínio Paulita. Que venha mais crônicas.
Valérya Pereira Há 1 mês Patrocínio Paulista SP Amei conhecer essa parte da história da minha cidade querida. gente mostra mais histórias de patrocínio vou amar conhecer
Nainora FreitasHá 1 mês Patrocínio Paulista Caros leitores essa história merece sempre ser lembrada!
JujaHá 1 mês Patrocínio Paulista SPParabéns Nainora. Resgatar a nossa história com tanta propriedade deixa um importante legado para os nossos jovens. Fato.
Sebastião Neto Há 1 mês Patrocínio Paulista Ontem, 16/05/2025, estava conversando com o Arzizo, ele estava me contando das comemorações do dia 13 de maio, era uma festa que se estendia por três dias e com grande participação. Comentário que ele fez ao terminar a fala: hoje só silêncio... Parabéns Nainora, gostei do seu texto. Oxalá os tambores voltem a animar e celebrar o 13 de maio. Um abraço!
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Nainôra Maria Barbosa de Freitas
Sobre Nainôra Maria Barbosa de Freitas
Patrocinense, apaixonada por história e cultura como modo de vida, com um olhar atento sobre o mundo.
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