Durante muito tempo ouvi os tambores que soavam no mês de maio no bairro de Santa Cruz. Só restou o silêncio. O 13 de maio foi a data de assinatura da Lei Aurea em 1888, mas isto não significou que a população brasileira descendente de africanos escravizados fosse de fato integrada na sociedade, era uma abolição inacabada. Ela contribuiu para institucionalizar as diferenças étnico-raciais no Brasil.
A população de Patrocínio Paulista de acordo com o censo de 2020 é de 14.512 habitantes, destes 1.394 declararam pretos e 5.541 pardos, o que significa que uma boa parte da população da cidade tem uma ascendência africana direta ou indiretamente.
A população de origem africana deixou um grande legado para a cidade e que poucas pessoas conhecem. No final do século XIX, existiu em Patrocínio Paulista uma população significativa de pretos que fundaram uma irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Com o fim dessa irmandade, a renda dela foi usada para ajudar a adquirir o altar mor da igreja matriz de Nossa Senhora do Patrocínio construída pelo Cônego Peregrino, restando apenas uma parte deste altar que está no fundo da igreja sustentando a imagem de Nossa Senhora do Patrocínio.
Este fato é pouco conhecido da população e merece que esta memória seja lembrada por todos nós, no ano em que celebramos os 150 anos da paróquia Nossa Senhora do Patrocínio.
Nos dias atuais um conhecimento maior da realidade que expôs a inexistência de medidas de proteção e de inclusão dessa ampla e importante parcela da população revela que os tambores podem soar, mas não para festejar a suposta libertação dos escravizados.
Eles podem soar por outros motivos, como a referência a memória dos pretos/as e neste caso especifico à D. Maria do Rosário, eu a recordo com carinho como uma piedosa pessoa.
Oxalá, possa soar novamente os tambores da Santa Cruz e da Tabatinga!!!
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