A aplicação de uma avaliação sobre os professores e a coordenação das escolas estaduais, realizada pela Secretaria da Educação de São Paulo (Seduc), tem causado polêmica na Escola Estadual Jorge Faleiros, em Patrocínio Paulista. Alunos e servidores apontam que os questionários referentes à diretora, às vice-diretoras e um coordenador aparecem já respondidos, a maioria com avaliações positivas. A Seduc assume que houve uma “instabilidade na avaliação do magistério” que teria respondido automaticamente às respostas, nega que tenha havido fraude e diz que o problema teria sido resolvido ainda na sexta-feira passada (6). No entanto, os questionários aplicados a alunos que ainda não haviam feito a avaliação continuavam preenchidos automaticamente até a última quarta-feira (11), segundo informações de servidores e alunos. Nesta quinta-feira (12), uma equipe da Diretoria de Ensino de Franca foi até a escola e alguns alunos responderam o questionário em um formulário de papel.

O FATO tenta levantar informações desde segunda-feira sobre assunto, entrando em contato com a Assessoria de Comunicação da Seduc e com a direção da escola, que disse que todas as informações seriam repassadas somente pela assessoria, em São Paulo.  As respostas, no entanto, não são claras, não sendo possível entender o que realmente aconteceu.

As denúncias

As denúncias, com imagens dos questionários, que também teriam sido enviados à Diretoria de Ensino de Franca, foram feitas na sexta-feira e mostram que os alunos, ao entrarem na tela da avaliação, se deparavam com cinco avaliações realizadas e nove pendentes. Alguns alunos relataram que funcionários da escola, ao perceberem que eles estavam registrando as imagens do questionário, os pressionaram a apaga-las.

Na segunda-feira, O FATO entrou em contato com a Assessoria de Comunicação da Seduc, que respondeu que teria havido uma “instabilidade na avaliação do magistério”, mas que ela teria sido pontual, que o problema havia sido solucionado ainda na sexta-feira e que a orientação era de que “as escolas saíssem da plataforma e tentassem novamente depois de alguns minutos.” Ainda segundo resposta da assessoria, a instabilidade do software teria respondido automaticamente o questionário. Foi perguntado então se ele seria reaplicado, sendo que a resposta foi que “na sexta-feira (6), data do comunicado da Seduc, o questionário já pode ser reaplicado. A escola Jorge Faleiros, por exemplo, já respondeu”. Segundo relatos dos estudantes, até quarta-feira (11), o problema persistia e o questionário não havia sido reaplicado, o que ocorreu em formulário de papel nesta quinta (12).

Questionamentos sem respostas

Questionada sobre a quantidade de escolas que teriam passado pelo problema, uma vez que o software é utilizado em toda a rede estadual, a Assessoria de Comunicação informou que não tinha esse número e que a apuração da assessoria surgiu a partir da consulta feita pelo O FATO.

A Assessoria de Comunicação informou que havia enviado um comunicado às diretorias de ensino sobre como elas deveriam proceder, inclusive no caso de o problema persistir. A reportagem pediu uma cópia do comunicado e foi informada que o documento não poderia ser enviado por ser de circulação interna.

Foi questionado então se a avaliação não deveria ser suspensa, uma vez que a instabilidade no sistema, que funciona em todo o Estado, poderia comprometer a lisura da avaliação. Este questionamento foi feito novamente nesta quinta-feira, sem obtenção de resposta.

Visita da equipe da diretoria de ensino

Nesta quinta-feira (12) supervisores da Diretoria de Ensino de Franca foi até o Jorge Faleiros para averiguar o que estava acontecendo. O FATO se dirigiu mais uma vez até a escola para tentar falar com os profissionais, mas foi informado pela diretora, Aline Karla Fuga Serrano, de que eles não se pronunciariam e que as informações seriam passadas pela Assessoria de Comunicação. Foi enviado então um e-mail com uma série de perguntas, inclusive sobre a recusa dos membros da diretoria de ensino em falar com os alunos, relatada à reportagem. A resposta foi apenas de que “uma equipe de supervisores da diretoria de ensino de Franca, responsável pela avaliação, juntamente com o diretor do Núcleo de Tecnologia e Informação esteve na unidade, como é de praxe, para apurar a denúncia e aplicar manualmente a Avaliação de Desempenho aos alunos das turmas em que foram registrados relatos de inconsistências. Todos os relatos estão sendo devidamente apurados e encaminhados para as providências cabíveis.”